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Arquitetura

Escritório Sítio Glória
2022

O projeto de reforma do escritório na Glória teve como ponto de partida materiais que seriam descartados de outras obras que estavam sendo realizadas contemporaneamente. O espaço em questão é um terreno de centro de quadra que abriga uma pequena floresta no bairro da Glória, no Rio de Janeiro. Dentro dessa mata havia uma estrutura preexistente composta por paredes longitudinais e uma laje de cobertura, sem fechamentos transversais, que abrigava o programa de residência artística “Capacete”. A reforma consistiu em um conjunto de esquadrias, bancos, luminárias e cobogós de telha, para viabilizar a ocupação do lugar enquanto escritório de arquitetura.

A escolha desses materiais orientou as decisões de projeto. O valor investido foi, portanto, direcionado principalmente à mão de obra, uma vez que as necessidades do espaço foram moldadas pelos materiais disponíveis, e não o contrário. As esquadrias foram feitas a partir de peças empenadas da estrutura de um telhado de uma casa em construção em Teresópolis.  O fechamento das paredes utilizou telhas cerâmicas retiradas de um telhado antigo de um sobrado em Botafogo, cuidadosamente desmontado para ser reincorporado ao novo projeto, preservando sua história e identidade. As portas internas e suas estruturas foram criadas a partir de uma divisória de madeira, que foi desmontada de um galpão no centro do Rio de Janeiro. Os bancos do jardim eram pilares de madeira, retirados durante a reforma de uma casa em São Conrado. As luminárias foram feitas a partir de um sistema de cabos de aço tensionados provenientes de uma loja que foi desmontada pouco antes do início do projeto de ocupação do sítio.

A poética do projeto se revela principalmente pela modulação do espaço e pelo encontro entre os materiais. As juntas não são apenas soluções técnicas, mas também elementos que conferem legibilidade ao processo de composição, revelando as histórias e origens distintas de cada componente.

As intervenções no espaço foram feitas de forma a acrescentar, sem demolir nenhuma parte do existente. Cada elemento foi "montado", respeitando a integridade do que já estava ali. Essa abordagem garante que o projeto seja flexível e desmontável, prolongando o ciclo de vida dos materiais e permitindo que o espaço se mantenha dinâmico e adaptável ao longo do tempo e reflita a memória dos elementos que o compõem.

 

Projeto de reforma 

Glória, Rio de Janeiro

18

Projeto: Carlos Zebulun + Juliana Ayako

Carpintaria: ADR Espaço da Madeira

Fotografias: Federico Cairoli


 

 

Desenhos

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